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Carnaval

Com teus dedos feitos de tempo silencioso,
Modela a minha mascara, modela-a...
 E veste-me essas roupas encantadas
Com que tu mesmo te escondes, ó oculto!


Põe nos meus labios essa voz
Que só constrói perguntas,
E, à aparência com que encobrires,
Dá um nome rápido, que se possa logo esquecer


Eu irei pelas tuas ruas,
Cantando e dançando...
E lá, onde ninguem se reconhece, 
Ninguem saberá quem sou eu,
A luz do teu carnaval...


Modela minha mascara!
Veste-me essas roupas!


Mas deixa na minha voz a eternidade
Dos teus dedos de silencioso tempo...
Mas deixa nas minhas roupas a saudade da tua forma...
Para me conduzir...


Cecília Meireles

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